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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Em jantar, Trump deve cobrar Temer sobre Venezuela

"O governo Trump vê o governo Temer como temporário e cheio de problemas", disse ele em apresentação na AmCham (Câmara Americana de Comércio). "Eles não têm porque se engajar mais, não sabem se o governo Temer estará aqui por muito tempo."  de acordo com Peter Schechter, especialista em política externa

Menos de uma semana após se tornar alvo de inquérito no STF por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro e de uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República de comandar organização criminosa e obstruir a Justiça, o presidente Michel Temer chega a Nova York nesta segunda (18) para sua participação na Assembleia Geral da ONU.
As cerca de 48 horas que deverá passar na cidade prometem ser um breve descanso em meio ao turbilhão da crise que enfrenta no Brasil.

Temer iniciará a agenda já com o mais importante compromisso: um jantar com o anfitrião Donald Trump e os colegas Juan Manuel Santos, da Colômbia, e Pedro Pablo Kuczynski, do Peru.

Interlocutores dos lados brasileiro e americano reconhecem que haverá pouca oportunidade para falar sobre temas bilaterais, como comércio —em especial a suspensão, pelos EUA, da importação de carne bovina in natura do Brasil.

O foco dos EUA para o jantar é a crise na Venezuela. E, segundo a Folha apurou, Trump espera ouvir de Temer propostas de ações que o Brasil possa tomar para pressionar mais o regime de Nicolás Maduro. Um exemplo citado é o movimento feito pelo Panamá, que recentemente estabeleceu a obrigatoriedade de visto a venezuelanos (com exceção para refugiados), atingindo pessoas do alto escalão do governo.

Nesta terça-feira (19), o presidente Donald Trump vai se posicionar em frente às placas de mármore do plenário da Assembleia Geral da ONU —que já chamou de "baratas"— para seu primeiro discurso às Nações Unidas, instituição definida por ele, em 2016, como "fraca e incompetente" e um "clube" para jogar conversa fora.

A abertura dos debates da Assembleia Geral será feita pelo Brasil, como é praxe, com o presidente Michel Temer (PMDB). Mas é o discurso da sequência, de Trump, o mais aguardado.

A ausência dos líderes Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia) também sinaliza a atenção cada vez menor dada por nações influentes às Nações Unidas..

Temer  queria um encontro bilateral e buscava isso desde março, quando os dois presidentes se falaram por telefone e Trump disse que gostaria de receber Temer na Casa Branca. Mas a própria crise  - de corrupção - envolvendo o Temer se colocou como entrave principal para organizar uma visita de trabalho.

Na manhã de terça (19), Temer abrirá a sessão de debates da Assembleia Geral da ONU com seu discurso —é tradição que o presidente brasileiro o faça; no mesmo dia, reúne-se com líderes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Temer também participará, na quarta (20), da cerimônia de assinatura do tratado sobre proibição de armas nucleares, acordado entre 122 países. Potências nucleares, como EUA e Rússia, não fazem parte.

Antes de embarcar de volta, ele falará em um seminário sobre o Brasil promovido pelo jornal "Financial Times", na companhia do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Folha

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