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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O paradoxo do gás: Kiev aceita preço, mas não quer pagar

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Mais uma rodada negocial trilateral sobre os fornecimentos de gás à Ucrânia terminou praticamente sem resultados em Bruxelas. Kiev está de acordo com o preço – 385 dólares por cada mil metros cúbicos, mas não está disposta a pagar. Tendo como pano de fundo essa recusa em pagar as dívidas e os fornecimentos, todos os acordos alcançados em Bruxelas se transformam em ficção. Kiev é incapaz de cumprir acordos, tal como já o era.

A próxima rodada negocial está marcada para 29 de outubro. Aqui temos de referir que as competências do comissário europeu da Energia Guenther Oettinger, o qual tem sido durante os últimos seis meses o mediador nas conversações sobre o gás e conhecedor de todos os detalhes desse problema, terminam a 31 de outubro.
Os embustes com o gás não começaram na Ucrânia após o “golpe de fevereiro”, nem há um ano, mas já há muitos anos. Neste momento a Rússia e a Europa sofrem apenas mais uma reincidência da chantagem. O total da dívida à Gazprom pelo gás que já foi fornecido, mas não foi pago, atinge neste momento os 5,3 bilhões de dólares.
O próprio Oettinger comenta com sarcasmo as tentativas da imprensa ucraniana e ocidental para interpretar politicamente os problemas do gás. Depois do encontro em Bruxelas, ele atirou aos jornalistas a seguinte frase: “Se você estiver sete meses sem pagar, digamos, no açougue, é normal que venha a ter grandes problemas de falta de carne.”
Durante as negociações Kiev continuou exercendo uma chantagem ativa em torno do gás. Ele ora exigia à Gazprom um pré-pagamento pelo gás ainda não transportado, ora insistia em que um certo intermediário passasse a comprar o gás na própria fronteira com a Rússia, vendendo-o em seguida, ora acusava a Gazprom de violação das obrigações contratuais, ora ameaçava com fornecimentos reversivos ou com o cancelamento do trânsito do gás “devido à inflexibilidade” da Rússia. Em princípio, Moscou está mesmo disposta a fornecer o gás para o período de inverno contra garantias de pagamento da dívida em partes. Mas para isso Kiev terá de efetuar um pré-pagamento de 1,6 bilhões de dólares dos fornecimentos de novembro e de dezembro.
Eles prometem-nos pagar, mas ninguém dá quaisquer garantias jurídicas e eles voltam a não dizer de onde virá esse dinheiro, disse depois da reunião o ministro da Energia da Rússia Alexander Novak:
“Nem se sabe ao todo os volumes de gás de que a Ucrânia necessitará, dentro do regime de pré-pagamento, durante os meses de novembro e dezembro deste ano. O principal é o fato de não ter sido resolvida a questão do pagamento desses fornecimentos correntes em regime de pré-pagamento, existindo recursos financeiros. A Ucrânia não confirmou as fontes de financiamento dos fornecimentos correntes. A Comissão Europeia também não confirmou as fontes dos financiamentos que poderão ser disponibilizados por Bruxelas.”
A Comissão Europeia, no final da reunião em Bruxelas, não deu quaisquer garantias, nem se comprometeu com a amortização da dívida da Naftogaz ucraniana perante a Gazprom.
A própria União Europeia, segundo ficou claro em Bruxelas, não tenciona disponibilizar a Kiev os 2 bilhões de euros que o país pediu como “crédito pelo gás”. Já ninguém acredita que Kiev devolva esse dinheiro.
A União Europeia agora receia que Kiev, tal como já aconteceu no passado, no inverno comece simplesmente a roubar o gás russo. À própria Europa. Isso já tinha acontecido em dezembro de 2009, quando a Naftogaz esteve roubando gás que se destinava à Bulgária, à Eslováquia, à Hungria e quase deixou congelar esses países.
As ilusões das autoridades de Kiev relativamente ao gás transpareceram com clareza nas muitas declarações do ministro da Energia ucraniano Yuri Prodan. Já depois das negociações, ele disse aos jornalistas que o lado ucraniano “aceita o preço acordado para o período de inverno”, mas que no verão ele será bastante inferior.
O ministro russo da Energia Alexander Novak declarou em resposta que nem os preços de verão, nem quaisquer fornecimentos no verão foram sequer discutidos em Bruxelas porque ainda não foram resolvidos os problemas da dívida ucraniana, do pré-pagamento e da origem desse dinheiro em geral.

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