Morte do dólar parece ser quase inevitável - Noticia Final

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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Morte do dólar parece ser quase inevitável

As guerras das desvalorizações estão em pleno curso e a morte do dólar como moeda mundial parece ser quase inevitável. Sendo um grande especialista nessa área, o economista francês Jacques Sapir partilhou suas previsões sobre o futuro do capital financeiro mundial.

Voz da Rússia: A Rússia e a China planejam se livrar do dólar em suas transações na venda de gás. Pensa que esses planos serão realizáveis?

Jacques Sapir: Sem dúvida, aquilo que os governos russo e chinês tencionam fazer é algo de potencialmente muito importante! O dólar desempenha realmente na economia mundial três funções, nomeadamente: ele é uma unidade de pagamento, porque muitos preços são calculados em dólares. Ele também é uma moeda para transações, ou seja, é uma moeda usada para pagamentos em transações internacionais. O dólar é também uma moeda de reserva.

O que os governos russo e chinês gostariam de alterar, ao assinarem esse acordo, seria precisamente a utilização do dólar como a moeda usada em algumas transações, nomeadamente nos pagamentos do petróleo e do gás.

Num sentido mais lato, esse passo revela um problema com que se debate permanentemente uma série de países, e isso já não afeta apenas a Rússia e a China. Isso afeta os países do Golfo Pérsico e os países da América Latina produtores de matérias-primas: esses países querem sair da zona do dólar como moeda de transações.

Acrescentemos a isso mais uma coisa: a queixa do governo norte-americano contra o banco francês BNP Paribas em como o banco teria realizado operações que contrariam a legislação norte-americana. Isso, apesar de as dependências desse banco não se encontrarem em território dos Estados Unidos.

Essa é uma questão jurídica extremamente complexa, mas nós percebemos perfeitamente que esse precedente, no sentido jurídico da palavra, apenas poderá provocar a preocupação de uma série de países que realizam transações em dólares, e pode incentivá-los a procurar outras moedas para efetuar suas transações.

Voz da Rússia: Existe alguma possibilidade real de ser criada mais uma moeda de reserva para além do dólar?

Jacques Sapir: Por um lado, é claro que o atual sistema baseado numa utilização não-exclusiva, mas dominante, do dólar como moeda de reserva não é satisfatório! Existe a necessidade, pelo menos, de diversificar ou talvez mesmo de alterar o sistema.

Para efetuar uma restruturação completa do sistema monetário internacional é preciso que seja politicamente possível realizar uma conferência internacional do tipo da Conferência de Bretton Woods, que se realizou em 1944. Parece que ainda não estamos na altura certa: os EUA, que de certa forma beneficiam com a atual situação, tudo farão para que as coisas permaneçam iguais ou, pelo menos, tentarão travar as mudanças.

Outro caminho será o desenvolvimento das moedas que, a nível regional, desempenham cada vez mais o papel de moedas de reserva regionais. Eu penso que o objetivo principal da China agora será tornar o yuan, dentro de alguns anos, em moeda de reserva ao nível da Região da Ásia-Pacífico, talvez ao nível do dólar australiano ou mesmo da moeda de Singapura. Como se sabe, ainda existe o projeto de tornar o rublo em moeda de reserva para os países da CEI...

Desta forma, é bastante provável que passará a existir uma quantidade de moedas que gradualmente irão minar as posições do dólar como moeda de reserva internacional.

Voz da Rússia

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