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quarta-feira, 28 de maio de 2014

União Europeia teme que Bulgária caia nas garras do Kremlin

Os laços energéticos estreitos entre a Bulgária e a Rússia estão deixando as autoridades europeias preocupadas. Eles temem que Moscou use Sófia como uma primeira conquista para seus interesses e motive uma divisão entre os Estados-membros.

As preocupações estão crescendo dentro do governo alemão de que o Estado-membro mais pobre da União Europeia, a Bulgária, possa cair nas garras da influência de Moscou.

Relatórios internos, entre eles os do serviço de inteligência externa da Alemanha, o BND, alertam que Moscou pode querer expandir suas relações com o país para usar a Bulgária como uma forma de penetrar na UE e então usar esse poder para dividir o bloco.

A Bulgária é um alvo fácil para o Kremlin porque o país é quase que inteiramente dependente das importações de energia da Rússia para sobreviver. Um terço de sua produção econômica é direta ou indiretamente controlado por Moscou, indicam os relatórios alemães.

A coalizão de governo da Bulgária - do Partido Socialista Búlgaro e do partido do Movimento por Direitos e Liberdades, que representa a minoria turca do país - é considerada aliada próxima de Moscou. Ela inclui um ilustre grupo de ex-membros do Partido Comunista, funcionários do serviço de inteligência e oligarcas búlgaros que têm negócios com subordinados do presidente russo, Vladimir Putin.

Um dos magnatas empresariais mais influentes do país é o banqueiro Tzvetan Vassilev, cujo banco KTB administra a maior parte do dinheiro que flui de Moscou para a indústria búlgara controlada pelo Estado, particularmente o setor de energia.

Quem manda no Legislativo
As relações são tão próximas que a Rússia aparentemente tem até mesmo uma influência direta sobre o Legislativo da Bulgária.

Na semana passada, vários meios de comunicação reportaram os conteúdos de uma carta secreta da gigante de energia russa Gazprom para o Ministério da Economia em Sófia.

Na carta, a companhia estatal russa supostamente forneceu aos funcionários do ministério esboços para uma lei relacionada ao gasoduto South Stream, um projeto que transportará o gás russo através da Bulgária até a Áustria. Para o desgosto da Comissão Europeia, o projeto de bilhões de euros está sendo comandado pela Gazprom.

O governo em Sófia desdenhou Bruxelas com o esboço da lei porque redefine a parte búlgara do gasoduto como uma simples "interconexão da rede de gás" em vez de um gasoduto completo, numa tentativa de contornar as regulações de concorrência da UE.

O Comissário de Energia da UE Günther Oettinger, representante da Alemanha na comissão, encontrou-se com o ministro de Energia da Bulgária e disse que a questão está agora sendo tratada no âmbito dos especialistas. "Se a Bulgária de fato melhorar as emendas à lei, então reagiremos de acordo e tomaremos medidas legais para garantir o cumprimento das regulações da UE."

A Comissão Europeia criticou levemente o projeto South Stream, observando que, entre outras coisas, viola as regras do mercado de energia da UE - regulações antimonopólio foram aprovadas em 2009 com o objetivo de evitar que os produtores sejam donos de gasodutos. Em outra suposta violação da política da UE, a Bulgária também está se movimentando para evitar que outros fornecedores usem o gasoduto.

O Partido Socialista búlgaro mantém laços estreitos com Moscou, mas também com outros partidos social-democratas da UE. O líder do partido Sergei Stanishev, por exemplo, é presidente do Partido dos Socialistas Europeus, um grupo guarda-chuva para os partidos social-democratas dentro da UE, e também tem uma boa relação com Martin Schulz, o candidato líder do partido na atual eleição para o Parlamento Europeu. Stanishev e Schulz querem se tornar, respectivamente, membro da Comissão Europeia e presidente da comissão, e o último está contente com o apoio da Bulgária.

No final de abril, numa aparição de campanha, Schulz fez um discurso no evento da eleição europeia realizado pelos socialistas em Sófia, onde ele prometeu representar as questões do país.

Desdobramentos perigosos
O ministro de Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, social-democrata, também é mantido a par da estratégia do Kremlim por sua equipe. No dia 9, ele se encontrou em Berlim com o presidente búlgaro, Rosen Plevneliev, um político independente que está lutando abertamente com seu governo porque quer manter o curso da Bulgária em direção ao Ocidente.

Plevneliev alertou sobre os desdobramentos perigosos por toda a região. Ele teme que Putin possa desestabilizar a Bulgária e os Bálcãs e tentar colocá-los sob sua esfera de influência. Ele também quer limitar a influência que os oligarcas têm sobre a economia de seu país para que uma situação similar à atual na Ucrânia não possa se estender para a Bulgária.

Em Berlim, o presidente búlgaro pressionou por uma postura mais determinada contra a Rússia na UE. "Estamos atualmente experienciando um momento histórico no qual a Europa não deveria usar a calculadora para somar as consequências das sanções", disse Plevneliev. "Trata-se de defender os valores europeus e a liberdade e a paz no nosso continente."

É uma mensagem que provavelmente desencadeou sentimentos conflitantes em Steinmeier. Seu colega de partido Gerhard Schröder, que é atualmente empregado por uma subsidiária da Gazprom, está planejando uma viagem a Sófia na próxima semana para dar apoio aos socialistas búlgaros na eleição europeia.

O Informante

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