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domingo, 25 de maio de 2014

Jornalista britânico denuncia duplos padrões usados pelo Ocidente

O famoso blogueiro e colunista britânico Neil Clark escreveu um curioso e sarcástico artigo para o canal de TV RT, Russia Today, convidando o público a refletir sobre uma série de hipotéticas situações em que diversos países veriam seus papéis invertidos na ordem dos recentes cenários internacionais.

Sempre prezando a imaginação e recorrendo ao lúdico, Neil Clark começa seu texto da seguinte maneira:

“Imaginem só se o governo democraticamente eleito do Canadá fosse derrubado por um golpe financiado pela Rússia, em que neonazistas e nacionalistas da extrema direita tivessem um importante papel. Se o novo ‘governo’ não eleito de Ottawa tivesse anulado a lei reconhecendo o francês como um idioma oficial. Se um oligarca de fortuna bilionária fosse nomeado chefe de Ottawa e o novo ‘governo’ assinasse um acordo de associação com um bloco comercial liderado pela Rússia.”

E ele continua: “Como reagiria o mundo se a Rússia tivesse gasto cinco bilhões de dólares na troca de ‘regime’ no Canadá e se a principal empresa de energia deste país tivesse aceitado em seu conselho de diretores o filho de um político russo de alto escalão.”

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Clark continua seu artigo passando por uma série de outras situações do cenário global envolvendo os Estados Unidos e seus aliados:

“Imaginem só se o governo sírio promovesse um encontro de ‘Amigos do Reino Unido’ – grupo de países que tivesse apoiado a derrubada violenta do governo de David Cameron. Se o governo sírio e seus aliados fornecessem uma ajuda multimilionária aos ‘insurgentes’ britânicos antigoverno. Se eles não tivessem condenado as ações desses ‘rebeldes’ apesar de estes terem matado cidadãos britânicos e explodido escolas, hospitais e universidades daquele país. Se o ministro das relações exteriores da Síria criticasse a realização de eleições no Reino Unido, tachando-as de ‘paródia da democracia’, e declarado que Cameron deveria renunciar ao seu cargo até a realização das eleições.”

Neil Clark vai adiante: “Imaginem se em 2003 a Rússia e seus aliados mais próximos tivessem iniciado uma invasão em larga escala de um país do Oriente Médio rico em petróleo, alegando que este país possuía armas de destruição em massa e representava uma ameaça ao mundo todo, e se, após isso tudo, nenhuma arma tivesse sido encontrada. Se quase um milhão de pessoas fossem mortas em decorrência de um derramamento de sangue iniciado após esta intervenção. Se passados 10 anos este país continuasse imerso no caos. Se as empresas russas enriquecessem com os trabalhos de reconstrução e recuperação decorridos de uma ‘troca de regime’ naquele país.”

“Imaginem só se os jornalistas russos, que tivessem acusado o tal país do Oriente Médio de possuir armas de destruição em massa, não se retratassem nem expressassem remorso frente às inúmeras mortes de cidadãos provocadas pela anexação. Se, pelo contrário, eles mantivessem seus bem pagos empregos e continuassem a fazer propaganda de guerras e intervenções ilegais em outros países independentes, além de atacar jornalistas honestos que preferem não mentir.”

“Imaginem se cerca de 40 pessoas protestando contra o governo central na Venezuela fossem queimadas vivas por extremistas pró-governo. Se após uma visita de Dmitri Medvedev e do chefe do serviço russo de inteligência a Caracas o governo da Venezuela promovesse uma nova operação militar contra manifestantes reivindicando a autonomia ou a federalização do país.”

“Imaginem se, após o fim da Guerra Fria, a Rússia tivesse continuado a cercar os Estados Unidos com suas bases militares por longos anos, enquanto insistisse em agregar o Canadá e o México para uma aliança militar russa. E se ainda no início deste mês a Rússia tivesse realizado exercícios militares em larga escala no território do México.”

“Imaginem só se vazasse na Internet uma conversa telefônica entre um alto representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e o embaixador russo no Canadá, discutindo quem deveria e quem não deveria fazer parte do governo canadense. E se, em seguida, eles tivessem aprovado o candidato que deveria assumir o cargo de novo primeiro-ministro do país depois de uma ‘troca de regime’ financiada pela Rússia. E se, durante uma conversa telefônica, um alto representante da chancelaria russa tivesse feito comentários obscenos sobre a União Europeia, como o fez em fevereiro de 2014 a representante oficial do Departamento de Estado dos Estados Unidos Victoria Nuland em conversa telefônica com o embaixador americano em Kiev, Geoffrey Pyatt.”

“Imaginem só se líderes políticos russos tivessem frequentado protestos de rua contra duras medidas econômicas na Europa Ocidental, distribuindo biscoitos aos manifestantes e apoiando apelos à demissão do governo.”

Assim, Neil Clark propõe imaginar o que poderia acontecer se qualquer cenário proposto e descrito por ele tivesse realmente ocorrido. Na opinião do jornalista, a comparação destes cenários com fatos reais seria bastante instrutiva, ficando claro que alguma coisa não está certa com o mundo.

O jornalista explica que, se outros países tivessem se arriscado a promover muitas das ações feitas pelos Estados Unidos e seus aliados, eles teriam provocado uma indignação generalizada. Basta apenas trocar os nomes de alguns países para ver a clara existência de padrões duplos.

O jornalista garante que “se em 2003 a Rússia tivesse invadido um país do Oriente Médio rico em petróleo, assim como os Estados Unidos fizeram no Iraque, ela teria sido tomada por pária internacional e os jornalistas que tivessem feito a cobertura de tal guerra mentirosa teriam sido desacreditados para sempre. Os Estados Unidos, por sua vez, não sofreram quaisquer sanções. O Presidente George Bush e seu aliado mais próximo, o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, até hoje não foram levados a julgamento por crimes de guerra”.

Na opinião de Clark, se a Rússia tivesse gasto cinco bilhões de dólares na derrubada de um governo democraticamente eleito no Canadá ou no México, levando ao poder uma junta militar pró-Rússia, em poucas horas os Estados Unidos teriam iniciado uma invasão militar em larga escala, e a imprensa ocidental ficaria justificando as ações de Washington como “uma resposta à agressão russa”. Acontece que algo parecido foi feito pelos Estados Unidos na Ucrânia, e essas mesmas pessoas, que ficariam condenando as ações da Rússia, saudaram a derrubada do legítimo governo ucraniano.

Neil Clark comenta: “Nós sabemos perfeitamente como os Estados Unidos reagiriam se outro país posicionasse armas nucleares próximo às fronteiras norte-americanas: em 1962, no período da crise dos mísseis de Cuba, o mundo ficou à beira de uma terceira guerra mundial. No entanto, a realização de exercícios militares da OTAN na Estônia, um país que faz fronteira com a Rússia, não é considerado uma provocação.”

Ao fim do artigo, Clark conclui que não há razões legais ou morais para afirmar que os Estados Unidos e seus aliados podem promover ações pelas quais outros países seriam condenados e punidos com sanções e/ou intervenções militares.

O jornalista destaca que a lei e os princípios internacionais de não intervenção nos assuntos internos de outros países deveriam ser aplicados igualmente a todos, independentemente do sistema político ou da forma de governo de cada país. “O governo britânico não tem mais direitos de intervir nos assuntos internos da Síria do que o governo sírio de intervir nos assuntos do Reino Unido. Os Estados Unidos não têm o direto de ‘mudar os regimes’ dos países que fazem fronteira com a Rússia. Assim como a Rússia não pode ‘trocar regimes’ nos países que fazem fronteira com os Estados Unidos.”

Em seu artigo, Neil Clark convida a criar uma nova forma de direito internacional, baseada no princípio de igualdade de todos os países soberanos. Assim ele conclui: “Se nós compreendermos como fazer com que esse sistema substitua o cinismo e a política de duplos padrões do Ocidente, o mundo poderá se tornar um lugar muito mais seguro.”

Fonte: Diário da Rússia

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