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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Argélia: Sementes da atual crise devem ser buscadas no assassinato “triunfante” de Gaddafi


Major-General Jonathan Shaw foi Chefe do Comando Terrestre das Forças do Reino Unido, entre 2007-8. Em 1981 alistou-se no Regimento de Paraquedistas. Serviu nas Malvinas, no Kosovo e no Iraque, antes de passar a trabalhar no Ministério da Defesa.

“Altere um milímetro, desafine uma única corda, e veja o quanto de discórdia se instala” [1]


Muammar Gaddafi

Esse clamor jacobino por estabilidade deveria ressoar em nossos ouvidos, ao assistirmos a mais recente manifestação de instabilidade no Oriente Médio/Norte da África [ing. Middle East/North Africa (MENA)], agora na Argélia. E, se grande parte da Primavera Árabe brotou lá mesmo, autogerada, os atuais tumultos no Sahel muito devem ao “triunfo” da OTAN, que tanto fez para derrubar e assassinar Gaddafi.

No outono de 2010, visitei o Marrocos, a Argélia, a Líbia e o Egito, antes de meu posto no setor de Política de Segurança Internacional no Ministério da Defesa ser extinto, porque “nada nunca acontece na região do MENA” (quando então fui transferido para uma unidade recém constituída de Ciber-segurança).

Como eu já percebera em viagem anterior ao Sudão, a maior ameaça à estabilidade na Região vinha da mudança que se observava entre os islâmicos, de práticas religiosas localmente afinadas, sufistas, para o salafismo/wahhabismo. A causa disso era a disseminação de escolas islâmicas (madrassas) construídas, mantidas e regidas por dinheiro e teologia sauditas, disseminação que se via, bem clara, em todo o Norte da África muçulmano e até a costa do Oceano Índico, da Somália, pelo Quênia, até a Tanzânia.

Negociando com esses regimes, o Reino Unido tampava o próprio nariz para os direitos humanos, porque os métodos que esses estados empregam sempre estiveram mais próximos dos padrões locais, que dos padrões ocidentais. Não surpreende, porque os desafios são horrendos. A Argélia é hoje, depois da divisão do Sudão, o maior país da África.

“Nosso homem em Argel” está mais próximo de Londres do que dos campos de petróleo sobre os quais fala. A escala do desafio de controlar o Sahel derrotará os EUA.

Não temos de nos imiscuir nos métodos locais de “controle”. Gaddafi era um eixo central de transmissão naquele plano informal de segurança no Sahel, no qual todos os demais participantes citados acima, oponentes em inúmeras, muitas outras questões, uniam-se – para resistir e suprimir a al-Qaeda no Maghreb islâmico e para manter a estabilidade no Sahel.

A derrubada de Gaddafi rompeu todos os arranjos locais de caráter étnico, tribal, de comércio e barganhas comerciais e de poder, que o ocidente jamais conheceu ou compreendeu.

Não deveria surpreender ninguém que a resposta da Argélia, mais uma vez, tenha mais a ver com as práticas locais do que com o que o ocidente pense ou suponha. Não deveríamos jamais intervir ou criticar coisa alguma, porque não conhecemos alternativa simples.

Redecastorphoto

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