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sábado, 29 de dezembro de 2012

Por dentro do arsenal secreto da China

O crescimento do poderio militar chinês tem preocupado os militares norte americanos. (Foto: Popular Science)

Numa única geração, a China se transformou de um país em grande parte agrário numa potência de fabricação e comércio global. A economia da China é 20 vezes maior do que era há duas décadas e está a caminho de superar os Estados Unidos, tornando-se a maior do mundo. Mas talvez o mais surpreendente foi o ambicioso crescimento militar e cada vez mais poderoso da China. O governo chinês está rapidamente contruindo um maior e mais sofisticado arsenal militar. A reportagem abaixo mostra o que a China tem, o que ela quer e o que isso significa para os EUA.

Apenas 10 anos atrás, o orçamento para o Exército de Libertação Popular (PLA) era de cerca de US$ 20 bilhões. Hoje, esse número é de mais US$ 100 bilhões (alguns analistas acham que está próximo de US$ 160 bilhões). O orçamento do PLA é apenas um sexto do que o governo dos EUA dedica à defesa anualmente, mas os dólares em defesa vão muito mais além na China, e nos próximos anos, a despesa militar chinesa vai crescer na mesma taxa que a sua economia. Enquanto isso, o presidente chinês, Hu Jintao, pediu ao PLA para realizar “novas missões históricas” no século 21, para ir além do tradicional objetivo de defender a soberania da nação e desenvolver o alcance global militar de uma verdadeira superpotência mundial. Em alguns casos, a presença internacional crescente da China poderia levar a uma maior cooperação com os EUA, como fez em 2008, quando a China participou de patrulhas antipirataria na costa da Somália. Mas se as forças americanas e chinesas acabarem no mesmo lugar, com objetivos diferentes, o resultado poderia ser um confronto entre duas das forças militares mais bem equipadas do mundo.
O caça de quinta geração J-20 desenvolvido pela Chengdu. (Nick Kaloterakis)

As autoridades americanas não estão apenas preocupadas com a quantidade de dinheiro que o exército chinês está gastando. Elas estão preocupadas com a tecnologia que o dinheiro está comprando. Os equipamentos militares norte americanos continuam sendo de uma geração à frente de qualquer rival, mas os chineses começaram a preencher a lacuna. Considere o progresso da China na construção de aviões de guerra avançados. Até recentemente, os EUA com seus aviões F-22 e F-35 era a única nação do mundo com caças de quinta geração (o nome dado a uma classe de caças furtivos desenvolvidos na última década, que estão equipados com recursos que iludem os radares, motores de alto desempenho e aviônicos e sistemas de computadores em rede). Então, em 2011 numa viagem à China, o secretário de Defesa Robert Gates aprendeu o contrário. Enquanto Gates se reunia com Hu Jintao, seus anfitriões “coincidentemente” revelavam a existência de um novo caça avançado, o J-20, encenando o vôo inaugural público sobre a cidade de Chengdu. Em setembro desse ano, a China colocou em voo um segundo caça furtivo, menor que o J-20, o J-31, que se parece com o F-35 norte americano.
O UAV chinês Pterodactyl I, muito parecido em design com o Predator norte americano. (Foto: Nick Kaloterakis)

O J-20 está longe de ser a única novidade em aviões da China. O PLA também está agressivamente atualizando sua frota de drones. Uma década atrás, o exército tinha quase nenhum veículo aéreo não tripulado (UAV). Na última mostra de aviação em Zhuhay, empreiteiros chineses exibiram dezenas de drones em desenvolvimento. Entre os mais notáveis: o Yilong (Pterodactyl I) e o BZK-005 Soaring Dragon, que em muito se assemelham ao Predator e o Global Hawk usados pelos militares dos EUA, respectivamente. O futuro dos UAVs da China também poderá receber um impulso a partir de tecnologia norte-americana: o Irã já teria dado aos cientistas chineses acesso ao avançado drone espião RQ-170 que caiu em seu território no ano passado.
O novo porta-aviões chinês Liaoning CV 16.

Além disso, a China está investindo pesadamente na sua marinha. Hoje, os EUA são o único país que pode enviar porta-aviões carregados de caças para qualquer canto do globo. O PLA gostaria de mudar isso. Os chineses passaram os últimos adaptando um antigo porta-aviões soviético de 65.000 toneladas (que o PLA adquiriu utilizando uma agência de viagens falsa como cliente) com novos motores e armas, incluindo baterias de mísseis superfície-ar Flying Leopard e sistemas de metralhadoras de defesa aérea automatizada. O navio, chamado de Liaoning, pode transportar cerca de 50 aeronaves, incluindo o Shenyang J-15 Flying Shark, um avião de caça que pode ser tão capaz quanto um F-18. A China também está construindo furtivos destróieres de 8.000 toneladas, juntamente com submarinos nucleares e navios de assalto anfíbio. Um novo navio cruzador de 36.000 toneladas modificado para fins militares, o Bahai Sea Green Pearl, pode transportar mais de 2.000 soldados e 300 veículos. Com a sua nova força naval, a China enviou tropas e força policial para operações de paz da ONU em lugares tão longínquos como África e América Latina.

De certa forma, a ascensão da China ecoa como a da Alemanha imperial, na virada do século 20. Na época, a Grã-Bretanha era a incontestável superpotência econômica e militar do mundo. Quando a Alemanha decidiu construir navios de guerra para enfrentar os dreadnoughts da Grande Frota, os dois países entraram numa corrida armamentista que ajudou a preparar o palco para a Primeira Guerra Mundial. Mas, quando a guerra começou, a Inglaterra não perdeu um único navio de guerra para Frota da Alemanha em alto mar. As minas alemãs e submarinos, por outro lado, as novas tecnologias que chegaram de forma inesperada e mudaram as regras da batalha, afundaram 13 navios de guerra britânicos.
O míssil balístico “anti-navio” DF-21D, que após lançado de sistemas terrestres móveis próximo da costa, pode viajar na fronteira do espaço, antes de reentrar na atmosfera à mais de 3.000 mph carregando 1.300 libras de explosivos. (Foto: Nick Kaloterakis)

Da mesma forma, o PLA tem mais a ganhar com o desenvolvimento de novas tecnologias do que competindo para corresponder o poder naval e aéreo norte americano. A China não tem como chegar a ter uma marinha tão poderosa quanto a frota americana mas pode tornar o mar muito perigoso para os navios dos EUA poderem viajar. Para todo efeito, o PLA está adquirindo armas, tais como lançadores móveis de mísseis balísticos anti-navio e mísseis cruzeiros furtivos ao radar movidos a ramjet Sunburn, que voam em direção a seus alvos a Mach 2.5, dando as defesas apenas alguns segundos para responder.

A China também poderia facilmente ir atrás das vulnerabilidades americanas no espaço. Mais de 80 por cento das comunicações do governo dos EUA e dos militares, desde o direcionamento de soldados no campo de batalha até ataques de mísseis de precisão, viajam por satélites. Os satélites GPS controlam o movimento de 800 mil receptores militares dos EUA para tudo, desde porta-aviões até bombas individuais e de artilharia. O sistema não é infalível: no início de 2010, uma “falha” no GPS deixou quase 10 mil destes receptores incapazes de se conectar por dias.
A nave espacial não tripulada e reutilizável Shenlong, ou Divine Dragon, similar ao X-37B norte americano. (Foto: Nick Kaloterakis)

Enquanto isso, a China também está ampliando sua capacidade para colocar seus ativos no espaço. Além de seus comprovados mísseis destruidores de satélite, o PLA está desenvolvendo microssatélites manobráveis que agem como pequenos kamikazes no espaço, juntamente com dispositivos (laser) de energia dirigida que poderiam derreter ou cegar os sistemas dos EUA no espaço. Em 2007, o Coronel Sênior Yao Yunzhu da Academia Chinesa de Ciências Militares (o maior instituto de pesquisa no PLA) anunciou que os EUA não seriam a única “superpotência espacial” no mundo por muito tempo. O plano chinês previa enviar mais de 100 satélites civis e militares em órbita na década seguinte, e o PLA está testando o que parece ser um avião espacial não-tripulado e reutilizável.

A mais nova poderosa capacidade da China, porém, pode ser o que o PLA chamou de “guerra informatizada”, ou guerra cibernética. Assim, como os militares dos EUA criaram o seu próprio Comando Cibernético, o PLA atribuiu mais de 130 mil pessoas aos programas de guerra cibernética. E, enquanto o secretário de Defesa Leon Panetta alertou sobre um potencial Pearl Harbor cibernético, a maior ameaça pode ser o roubo de segredos do governo dos EUA e de propriedades intelectuais. Até agora, as operações pensadas são para possíveis ataques vindos da China que poderiam comprometer redes sensíveis do Departamento de Estado, bem como computadores envolvidos no programa F-35 Joint Strike Fighter.
O UCAV chinês DarkSword. (Foto: Nick Kaloterakis)

No filme Amanhecer Vermelho (Red Dawn) de 1984, um personagem explica por que a guerra entre os EUA e a União Soviética parecia inevitável: “As duas crianças mais jovens do bloco, eu acho. Mais cedo ou mais tarde, eles vão lutar”. Alguns anos atrás, quando Hollywood partiu para refazer o filme, os cineastas atualizaram o script, substituindo os caras maus soviéticos pelos chineses. Em seguida, a economia do mundo real entrou em jogo. Para evitar perder o acesso ao mercado multibilionário chinês de filmes, eles digitalmente jogaram o adversário para a Coreia do Norte na pós-produção.

O episódio ressalta um ponto importante: ao contrário do enfrentamento entre EUA e os soviéticos, os EUA e a China estão unidos por centenas de bilhões de dólares em trocas comerciais e de investimentos. A guerra entre os dois países seria mutuamente ruinosa. Os líderes de ambos os lados sabem disso. As forças americanas e chinesas mantém uma constante vigília suspeita entre os dois países, e o relacionamento pode tornar-se tenso. Mas lembre-se de que a guerra muito temida entre os EUA e os soviéticos, a questão que definiu a política mundial na segunda metade do século 20, nunca aconteceu. Com tanto a perder, as duas mais duras crianças decidiram que não valia a pena lutar.

Fonte: Peter W. Singer / PopSci (Peter W. Singer é diretor da Iniciativa de Defesa do Século 21 e um membro sênior de política externa na Brookings Institution. Este artigo foi publicado na edição de janeiro da revista Popular Science) – Tradução: Cavok

Cavok

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