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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pepe Escobar: “Os israelenses letais e o turco louco”

Os doidos assumiram – ou pensam que assumiram – o comando do hospício.

Como Asia Times Online já noticiou (7/8/2012: Pepe Escobar: “Ardo em febre!” E a única receita é bombardear o Irã?!), Telavive pode estar a um palmo de converter a guerra econômica já declarada contra o Irã, em guerra quente.

Bibi Netanyahu

Considerem essa loucura: [1]. O duo Bibi-Barak de fazedores de guerras (Primeiro-Ministro Bibi Netanyahu e o Ministro da Defesa Ehud Barak) pode estar bem próximo de decidir por um ataque ao Irã – contra o conselho dos principais especialistas da defesa e da inteligência israelenses.

Barak pode até já ter acesso a inteligência secreta dos EUA. Disse que “é provável que realmente haja relatório da inteligência dos EUA – não sei se é uma NIE [National Intelligence Estimate] – circulando pelos principais gabinetes [em Washington]”.

“É provável”? “Realmente”? “Não sei”? E essa floresta de hipóteses seria justificativa para guerra?

Ehud Barak

Então, Barak acrescentou: “Tanto quanto sabemos, isso põe a avaliação dos americanos muito mais perto da nossa”.

Não, senhor, nada disso. A resposta, de um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca foi: a avaliação, pela inteligência dos EUA, continua inalterada. Em outras palavras: o Irã não mantém programa de armas nucleares.

E se alguma confirmação extra fosse necessária, Washington parece ter quadro bem claro dos progressos nucleares do Irã. [2]

Segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney: “Nós saberíamos se e quando o Irã fizesse o que se chama um movimento claro para comprar uma arma”.

Para o letal Bibi, isso, obviamente, não basta. Não importa que – tecnicamente e logisticamente – Israel simplesmente não tenha sequer o mínimo indispensável para mover ataque bem-sucedido contra instalações nucleares iranianas.

Examinem esses concisos infográficos [3]. Para começar, Israel não tem bombas de penetração de última geração modelo MOP GBU-57A para conseguir atingir instalações subterrâneas profundas do Irã. Não tem os bombardeiros B-2 stealth da Northrop Grumman para descarregar as tais bombas. E não tem transportadores aéreos Lockheed Martin KC-130 em número suficiente (Israel só tem 5; os EUA têm 80) para reabastecer os F-15s e F-16s de ataque.

Não há qualquer sinal de que o governo Obama considere autorizar o Pentágono a fornecer os itens acima à dupla Bibi-Barak, pelo menos por enquanto.

Yevgeny Primakov

É hora de injetar alguma sanidade nessa loucura – cortesia do bom velho Guerreiro da Guerra Fria, Yevgeny Primakov, ex Supremo da KGB e Ministro de Relações Exteriores da Rússia. Na narrativa de Primakov, a coisa é simples: OK, ataquem o Irã. Inevitavelmente, em seguida, o Irã fabricará sua bomba atômica. [4]

Enquanto isso, em Ankara...

Estará a Turquia adentrando o nono círculo (curdo) do inferno?

Hillary Clinton

A secretária Hillary Clinton dos EUA esteve na Turquia recentemente, em viagem muito do tipo “Viemos, vimos, ele morreu”, à moda líbia; como se voltasse ao palco em seu personagem de Anjo da Morte, comandando o iminente passamento de Bashar al-Assad da Síria.

Muita calma nessa hora. O mesmo vale para a decisão Shakespeareana – “invadir” ou “não invadir” o Curdistão Ocidental/sírio? – do Primeiro Ministro turco Recep Tayyip Erdogan, que influencia o Departamento de Estado.

Bashar al-Assad 

Fato é que o partido AKP ainda não pediu autorização ao parlamento turco para invadir o Curdistão sírio. Mas, sim, invadirão o Curdistão sírio – apesar de grande número de generais turcos estarem no xilindró, acusados de planejar um golpe. Três brigadas turcas, tanques e artilharia já estão a apenas dois quilômetros da fronteira síria.

Ankara já invadiu o Curdistão iraquiano dúzias de vezes, caçando guerrilheiros do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). O enredo adensa-se, porque, ao mesmo tempo, Ankara mantém relações muito próximas, diplomáticas e comerciais com o Governo Regional do Curdistão (KRG); de fato, Ankara está hoje em rota de colisão contra o governo de Nuri al-Maliki em Bagdá – depois que começou a importar petróleo diretamente dos curdos, marginalizando o governo central iraquiano.

Ahmet Davutoglu

Ahmet Davutoglu, ministro de Relações Exteriores da Turquia foi pessoalmente a Kirkuk e Irbil, para fechar o negócio com Massoud Barzani, presidente do Governo Regional do Curdistão (KRG).

Em termos de Oleogasodutostão, é o seguinte: o Grande Petróleo Ocidental está enlouquecidamente em cólicas para conseguir o máximo de energia que possa humanamente arrancar do Curdistão iraquiano (e do Azerbaijão) – o que significa marginalizar, no processo, Irã e Rússia.

Uma “invasão” turca ao Curdistão sírio nem seria problema muito grave em termos das relações entre Turquia e aquelas exemplares “democracias” reunidas no Conselho de Cooperação do Golfo. Afinal, o Qatar e a Casa de Saud já estão trabalhando com a Turquia para construir a total desestabilização da Síria.

Mas o regime de Assad interpretará o movimento como guerra contra a Síria, não contra, só, o Curdistão sírio. Afinal de contas, a Turquia hospeda e alimenta não só o Conselho Nacional Sírio como, também hospeda e alimenta milhares de gangues que compõem o Exército Sírio Livre Que De Livre Pouco Tem, incluídos os jihadis salafistas. A Turquia é a base logística desse pessoal todo.

E o que acontecerá se começarem a chegar navios e mais navios carregados de cadáveres em sacos plásticos, de volta a Ankara e Istambul?

Recep Endorgan

Pode estar chegando ao fim a encenação de poder de Erdogan, O Turco Louco. O exército turco, a burguesia comercial, a burocracia secular, todos dão sinais de, cada dia mais, estarem já fartos dos sonhos napoleônicos de Erdogan; de a Turquia garantir apoio ao ESL, que pulula de jihadis; de a Turquia contrabandear armas para dentro da Síria, aliada ao Qatar e aos sauditas; de a Turquia estar posicionando baterias antiaéreas e até mísseis na fronteira síria; de a Turquia ter-se posto a ameaçar que invadirá o Curdistão sírio. Não dá. Demais é demais.

Mas, também aí, talvez não seja demais. O sonho desejante de Ankara, de um grande cenário – em roupagens neo-otomanas – certamente incluiria algum tipo de anexação econômica do norte do Iraque e nordeste da Síria; as duas áreas são ricas em energia – e a Turquia carece desesperadamente daquela energia. O problema é que essas duas regiões são habitadas quase exclusivamente por curdos.

Até os curdos iranianos já começam a movimentar-se. [5] O que acontece quando 17 milhões de curdos turcos também decidem entrar em ação? Erdogan pode estar a caminho de encarar o pesadelo dos pesadelos da Turquia: o surgimento do Grande Curdistão.

Rick Rozoff 

A Turquia tem fronteiras com o Iraque, a Síria e o Irã. Os curdos começam a sentir a deriva histórica. Rick Rozoff, em Global Research [6] argumenta, com razão, que “a Turquia dá à OTAN – e, via OTAN, também ao Pentágono – acesso direto àquelas três nações”. Mas isso pode ir muito além de “uma nova redivisão do Levante, modelada depois do Acordo Anglo-francês Sykes-Picot de 1916”.

Uma Turquia neo-otomana, a OTAN e o Pentágono podem estar na mesma página, pelo menos por enquanto. Mas uma balcanização do Levante só favorecerá a emergência do Grande Curdistão. Pode servir aos interesses estratégicos de Washington. Mas quando Erdogan acordar para a nova realidade – para a qual suas próprias políticas podem ter contribuído – talvez já seja tarde demais.

redecastorphoto

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