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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Pepe Escobar: “Ardo em febre!” E a única receita é bombardear o Irã?!

Onde está o grande Christopher Walken, quando se precisa dele? “Ardo em febre!” [1] E a única receita é bombardear o Irã?! É o resumo da história, pelo menos em Israel. E pelo menos nos próximos seis meses, a febre subirá.

No fim de semana passado, o jornal Israel Hayom – financiado pelo magnata de cassinos e companheiro de Mitt Romney, Sheldon Adelson – dedicou um suplemento inteiro à febre. Os artigos levavam manchetes do tipo “Bombardear ou levar bomba: no pôquer, esconda as cartas junto ao peito”.

Antes, semana passada, vazamento para o diário Yediot Ahronot [2] revelou que la crème dos comandantes militares israelenses estão contra a guerra ao Irã – conhecida, em versão asséptica, como “ataque preventivo”.

O elenco de atores é impressionante: o comandante do Estado-Maior Benny Gantz; o Chefe de Operações do Exército de Israel Ya'akov Ayash; Tamir Pardo, Chefe do Mossad; Aviv Kochavi, encarregado da Aman, comando superior dos serviços de inteligência; os chefes de divisão do Mossad; o Comandante da Força Aérea de Israel Amir Eshel; para nem falar de pelo menos quatro ministros dos oito que compõem o “gabinete de cozinha” do Primeiro-Ministro Bibi Netanyahu.

Aiatolá Khamenei

Há nuances. Alguns admitem que só apoiariam ataque ao Irã, no caso de o Supremo Líder Aiatolá Khamenei – ou inspetores da Agência de Energia Atômica (AIEA) – anunciarem alguma nova hiper arma, que mude o jogo. Outros admitem que só apoiariam ataque ao Irã, se os EUA se engajassem: é o que dizem dois ex-chefes aposentados do Mossad, Meir Dagan e Efraim Halevy; e o ex-comandante do Estado-Maior, Gabi Ashkenazi.

O jogador chave aqui, é claro, é Gantz, que sempre manteve sobre a mesa a opção de ataque. Mas também fez vazar que sabe que nenhum ataque, mesmo que bem-sucedido, conseguirá destruir o programa nuclear iraniano; e, além disso, teme as repercussões geopolíticas. Quando Gantz admitiu apenas uma pequenina porção de tudo isso, num canal de televisão em Israel, o Ministro da Defesa Ehud Barak ordenou que a entrevista “desaparecesse”. [3]

Assim sendo, temos, essencialmente, só Bibi e Barak contra todos os supramencionados. O que impõe, no mínimo, duas perguntas chaves. Como Bibi ordenaria algum ataque, se as mentes mais bem informadas em Israel sabem que o ataque provocaria, no máximo, adiamento de seis meses no programa nuclear iraniano, como o demonstram os detalhados cálculos dos EUA? E que qualquer ataque levaria Teerã a abandonar de vez o “período de latência” atual, prudente, e partir, de vez, para o front bélico superarmado?

Murphy, atenda o telefone!

Negativas que nada negam saltarão de todos os cantos, mas só a população nativa de Alice no País das Maravilhas ainda crê que Israel atacaria o Irã sem ter recebido luz absolutamente verde de Washington. Rússia, China, Paquistão, todo mundo conhece em detalhe a movimentação do jogo das cadeiras de EUA-Israel, antes de algum possível ataque ao Irã. [4]

Ira Sharkansky

Ira Sharkansky, professor de Ciência Política da Universidade Hebraica, que assina um blog do jornal Jerusalem Post, menciona mais um ex-chefe do Mossad a dizer que Israel não deve – e provavelmente nem tentará – agir sem claro consentimento dos EUA.

Um novo blog coletivo de política externa tentou responder alguns dos imponderáveis. Mas, no frigir dos ovos, é aquela velha máxima de Hollywood: ninguém sabe de nada.

Ninguém sabe se os militares israelenses arranjarão alguma espécie de rota aérea mágica (que, por exemplo, não sobrevoe o Iraque; e ninguém nem pense em atacar por terra, ou usar a bomba atômica). Embora Israel tenha meios para lançar uma operação “Mini-Choque e Pavor” contra posições do Hezbollah no Líbano; embora ainda guarde número suficiente de mísseis estoura-bunker de modelo antigo para atingir instalações iranianas escondidas em montanhas.

A Lei de Murphy aplica-se aqui. Até o Pentágono sabe que tudo que pode dar errado, pode, sim-senhor, dar muito, muito errado, mesmo. [5]

E ainda que nada disso fosse assim, permanece a pergunta de um trilhão de dólares: que tipo de jogo joga, de fato, o presidente Barack Obama dos EUA?

Tudo seria perdoado, se se tratasse de delírio causado por exposição prolongada ao sol do verão. Mas estamos falando de guerra, guerra preventiva, ação de quem finge que não vê a lei internacional – e baseada um conjunto concêntrico de hipóteses fracas, para nem falar das mentiras.

A AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica, o “US National Intelligence Estimates (NIEs)” e até a inteligência israelense já sabem que não há programa iraniano de armas nucleares. A Rússia – que tem milhares de técnicos trabalhando no Irã – também sabe.

A noção de que o Irã seria ameaça a Israel é fantasia brotada de manifesto Dadaísta. Israel é real – não apenas suposta ou declarada – potência nuclear (e nunca assinou o Tratado de Não Proliferação). O Irã (signatário do TNP) não é potência nuclear.

John Glazer

Como John Glazer, da página Antiwar.com, resume bem: “os EUA já cercaram militarmente o Irã, já organizaram e executaram operações clandestinas, com Israel, vivem a ameaçar o Irã com ataques militares preemptivos, e impões as mais duras sanções econômicas contra o Irã”. [6] Ameaça? Quem, aqui, ameaça quem?

Pois é verdadeiramente incrível o modo como Telavive consegue perpetrar, uma depois da outra, as mais fabulosas operações de propaganda – pelo menos no que tenha a ver com manter a opinião pública nos EUA em estado permanente de lavagem cerebral – só mudando a linha vermelha. [7]

Basta ler atentamente a entrevista de Barak à CNN que se vê em 30/7/2012.

Está tudo ali. Não há qualquer tipo de programa iraniano de armas nucleares. O Irã não ameaça ninguém – nem imediatamente nem de qualquer outro modo. O que se conhece naquela entrevista é um Ministro da Defesa de um país declarando que outro país fica proibido de pôr o pé numa “zona de imunidade” dentro da qual estaria protegido e nunca seria perturbado, atacado, bombardeado, invadido.

Imagine se fosse um ministro chinês ou russo da Defesa (chinesa ou russa) que dissesse, em tom de quem discute futebol, o que Barak disse com todas as letras na televisão dos EUA.

De volta ao Grande Jogo

Todos os enroladíssimos conversa & pressupostos que garantiriam a possibilidade de um ataque de Israel ao Irã não passa disso: enrolação.

Vários países – dentre os quais Japão, Coreia do Sul e Brasil – têm toda a capacidade necessária para montar uma bomba atômica: a tecnologia é velha, de décadas. Não significa que terão bomba atômica.

A evidência de que Teerã permite as inspeções imensamente intrusivas da AIEA e de que fez várias concessões ao longo de vários anos, muito maiores do que as concessões às quais seria obrigada pelo TNP, prova que o Irã não deseja construir uma bomba amanhã (nem ontem, segundo Israel). E mesmo que desejasse, a construção sempre seria detectada a tempo.

Barack Obama

No pé em que estão as coisas, Obama parece estar apostando que Bibi, jogador de pôquer, não terá coragem para ordenar ataque contra o Irã enquanto ele, Obama, habitar o Salão Oval. É argumento bem plausível para explicar por que Obama poderia ser tentado a lançar uma surpresa de outubro; mas o mais provável é que Obama, pragmático ultracauteloso, só decida pelo ataque em situação de absoluto desespero. Quanto a Bibi, ele adoraria que Washington fizesse por ele o serviço sujo (que Israel, como Benny Gantz sabe muito bem, não tem meios para fazer). Portanto, Bibi já está operando em modo “À espera de Mitt”.

Quanto ao Grande Quadro – o Novo Grande Jogo na Eurásia – o programa nuclear iraniano é só um pretexto; de fato, o único que resta hoje no mercado. Vai muito além de Israel e sua própria febre regional.

Se se perscruta a densa neblina que envolve 33 anos de desconfianças entre Washington e Teerã, a febre de Washington nunca cedeu, desde Clinton I e II até Bush I e II e até Obama e depois: precisamos mudar aquele regime; precisamos lá de uma satrapia persa como havia antes; precisamos de todo aquele petróleo e aquele gás do Golfo Persa e do Mar Cáspio, para o Ocidente, não para o Oriente; temos de controlar esse nódulo estratégico vital na Eurásia. Essa é febre, parece, incurável.

Notas de rodapé:

1. Assista a seguir:

Diz ele (em tradução tentativa, mais literal): “Tô pegando fogo! E só me receitam chocalhinho?!”, referência a uma gravação de rock pesado, da qual o personagem reclama.
“Cowbell” (lit. “chocalho de vaca”, cincerro) é um instrumento musical.

2. 31/7/2012, Jewish Daily Forward, J.J. Goldberg em: “Bibi Can't OK Iran Strike As Defense Chiefs Demur”:http://blogs.forward.com/forward-thinking/160275/bibi-cant-ok-iran-strike-as-defense-chiefs-demur/

3. Assista a seguir:


4. 6/8/2012, Russia Today, Reuters, IsseiKato em: “Israel arranging roles in Iran war theater?”: http://www.rt.com/news/us-israel-iran-war-plan-926/

5. 16/3/2012, New York Times, Mark Mazzetti e Thom Shanker em: “U.S. War Game Sees Perils of Israeli Strike Against Iran”:http://www.nytimes.com/2012/03/20/world/middleeast/united-states-war-game-sees-dire-results-of-an-israeli-attack-on-iran.html/?_r=1

6. 3/8/2012, Antiwar.blog John Glaser em: “Ehud Barak Admits Iran Has Defensive Posture, No Weapons Program”: http://antiwar.com/blog/2012/08/03/ehud-barak-admits-iran-has-defensive-posture-no-weapons-program/

7. 6/8/2012, The Atlantic, Micah Zenko em: “Can We Still Tell if Iran Decides to Build a Nuclear Bomb?”:http://www.theatlantic.com/international/archive/2012/08/can-we-still-tell-if-iran-decides-to-build-a-nuclear-bomb/260740/

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5 comentários:

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